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  • Foto do escritorValeska Petek

Como funciona um processo seletivo: o que todo candidato precisa saber


Durante a infância, ao ouvir a pergunta "o que você quer ser quando crescer?", jamais imaginei que essa seria só a primeira das muitas questões que eu precisaria responder sobre os meus sonhos profissionais. Anos depois, no começo da minha carreira, descobri que não só seria literalmente entrevistada, como também passaria por diversas etapas de testes antes de ser considerada para uma oportunidade.


Esse tom de maratona era bem exaustivo e confuso, especialmente enquanto eu buscava a minha primeira oportunidade de estágio. O que responder quando me perguntassem sobre a minha experiência - eu já tinha alguma? E sobre os meus objetivos daqui a 5 anos - mal acabei de escolher o curso da faculdade e já tenho que ter mais decisões tomadas?


Fui estagiária e depois funcionária em empresas multinacionais, e confesso que ainda tinha a sensação de ter sido aprovada por “sorte”: afinal, eu não entendia o motivo de ter sido reprovada em tantos processos - nem o motivo de ter sido aprovada em alguns: o que será que eu havia feito diferente?


Não era sorte, e eu só entendi o que me fazia ser aprovada quando estive do outro lado da mesa: atuando como Recrutadora.

Ao assumir a posição de Analista de Recursos Humanos em uma indústria automobilística, sendo responsável pelos processos seletivos do início ao fim, entendi o que estava por trás de cada etapa e tudo fez mais sentido. Claro que não se trata de uma receita pronta, válida para todas as empresas e departamentos de RH, mas conhecer os bastidores também pode te ajudar a ter insights valiosos para conseguir aquela vaga dos sonhos. Vamos lá!


TUDO COMEÇA NA ABERTURA DA VAGA


Vamos supor que a área Logística de uma empresa esteja com uma alta demanda de trabalho e o líder da área decide contratar mais uma pessoa para integrar a equipe. Nesse momento, é importante delinear o perfil do profissional buscado, uma espécie de briefing que englobe todo o CHA, sigla que significa:


  • C (Conhecimentos): associado ao que é técnico, como nível de escolaridade, domínio em determinadas ferramentas e softwares, entre outros;

  • H (Habilidades): a necessidade (ou não) de experiência em determinada área ou função;

  • A (Atitudes): aqui entram as competências comportamentais (também conhecidas como soft skills), como por exemplo comunicação, criatividade, negociação, e liderança.


NA SEQUÊNCIA, HÁ UM PLANEJAMENTO DO PROCESSO


Sabe quando você precisa de algo pra ontem? O líder da vaga também, com frequência, gostaria de ter o candidato escolhido o mais rápido possível. Entretanto, para chegarmos a esse candidato, é necessário avaliar todos os itens descritos no briefing. O desafio é equilibrar agilidade e qualidade de avaliação, e é daí que surge um calendário com a previsão das etapas e seus respectivos prazos. Por exemplo: para um cargo de Analista de Logística que demande o controle e a análise de dados de um estoque, pode ser necessário realizar um exercício prático utilizando Excel (ou outra ferramenta utilizada pela empresa), e essa etapa pode estar prevista para acontecer com os candidatos aprovados na etapa de entrevista.


AÍ SIM A VAGA É DIVULGADA


Cada empresa possui seus próprios canais oficiais para divulgação de vagas, por isso vale a pena mapear aquelas em que você gostaria de trabalhar e acompanhá-las (através do próprio site ou outras redes sociais, inclusive as LinkedIn pages) para não perder os prazos de inscrição. No caso das LinkedIn Pages, você pode acessar as vagas disponíveis visitando a página da empresa desejada, ou então fazer uma pesquisa mais ampla utilizando palavras-chave e diversos filtros aqui). E, no caso dos sites oficiais, algumas empresas oferecem a opção de banco de talentos, em que você pode cadastrar seu currículo e ser avisado (por e-mail, por exemplo) sobre novas oportunidades.


Algo que eu também costumava fazer como Recrutadora era acionar a minha rede de contatos. Ainda no exemplo de uma vaga na área Logística, eu buscaria divulgá-la em instituições de ensino que formam profissionais com os cursos que fazem parte dos requisitos daquele cargo: uma escola técnica ou faculdade. Dica importante: confira a caixa de entrada (e a pasta de spam) do seu e-mail com regularidade. Não ignore as mensagens cujos remetentes sejam, por exemplo, a empresa júnior ou o coordenador do seu curso. Mesmo que você já esteja formado, quem sabe ali não está uma oportunidade com o seu perfil?


E O PROCESSO SELETIVO COMEÇA


Dependendo da estrutura da empresa, a equipe responsável pela contratação de pessoas pode ser maior ou mais enxuta. Há casos em que essa atividade é até terceirizada (ou seja, profissionais externos ou agências de recrutamento realizam, total ou parcialmente, o processo seletivo). Em todos eles, reforço uma característica importante:


O RH não é "do mal". Ou seja, a figura do Recrutador lendo um currículo e descartando sem ao menos lê-lo não faz sentido. Não ficamos felizes quando há um motivo para desclassificar um candidato, pois o objetivo é preencher a vaga, o mais rápido possível, com a pessoa mais preparada, considerando determinados critérios avaliados naquele momento, para assumir aquela posição.

Obs.: Essa afirmação considera as boas práticas de profissionais de Recursos Humanos que visam ser a ponte entre profissionais e oportunidades, da forma mais imparcial possível, visando uma relação de trabalho positiva para ambos. Sabemos que no mercado há casos de profissionais e empresas que, por desconhecimento ou qualquer outro motivo, têm uma postura diferente - e esse é um debate que merece ser aprofundado em outro artigo.

De forma geral, minha recomendação para um candidato preparar bem para um processo seletivo engloba dois pontos:


PONTO 1: O CURRÍCULO ESTÁ EM DESUSO?


O currículo nada mais é do que uma ferramenta de comunicação escrita onde você pode contar a sua história resumidamente, mostrando como você é a pessoa adequada para aquela posição. Atualmente, o LinkedIn tem sido utilizado como alternativa aos currículos tradicionais (enviados em formato PDF) por motivos como:


  • Ser editável em tempo real: qualquer atualização fica visível aos Recrutadores sem a necessidade de enviar novos arquivos;

  • Estar disponível 24 horas: seu perfil pode ser visitado a qualquer momento;

  • Ficar visível mesmo sem uma candidatura: você não precisa explicitamente se aplicar a uma vaga para que um Recrutador visite o seu perfil - ele pode ser encontrado através de uma pesquisa pelo seu nome ou palavras-chave relacionadas às suas competências;

  • Não ser "apenas" um currículo online: o LinkedIn é uma rede social que propicia aos usuários expandirem sua rede de contatos e seu conhecimento.


Entretanto, ao participar de um processo seletivo (mesmo que o candidato tenha sido convidado através de uma mensagem recebida pelo LinkedIn) ainda é comum receber mensagens como "antes da entrevista, você poderia me encaminhar o seu currículo por e-mail?". Isso acontece pois parte do processo inclui a documentação de informações (já que o currículo não será alterado com a mesma facilidade que o perfil do LinkedIn), e também pela facilidade logística que esse arquivo proporciona (por exemplo: é possível anexá-lo por e-mail, inclui-lo em um sistema de documentação de funcionários ou até imprimi-lo mais facilmente, se for prática da empresa).


Assim, o currículo e o LinkedIn, por enquanto, coexistem e são ambos úteis para um candidato que busca se destacar em um processo seletivo. Um currículo desenvolvido de forma estratégica pode, sim, te ajudar a contar a sua história de forma mais atrativa e atingir o seu objetivo: conseguir uma entrevista.


PONTO 2: O QUE QUEREM DE MIM NA ENTREVISTA?


Currículo estratégico enviado (e selecionado), convite para a entrevista aceito - chegou a hora de verbalizar tudo o que você se preparou para contar sobre a sua história e seus objetivos profissionais: a entrevista.


"Mas Valeska, eu não preciso me preparar, eu já me comunico muito bem!"


Parabéns, ter uma boa comunicação verbal é uma vantagem nesse contexto. Entretanto, o candidato despreparado depende muito da sua habilidade de improviso, e quando somamos o nervosismo que esse momento normalmente propicia, as suas chances de se comunicar de forma clara e, principalmente, persuasiva, diminuem. Por isso, pesquise sobre a empresa e a vaga: você precisa mostrar como você é a pessoa certa para aquele cargo.


Planejar a sua comunicação com estratégia é mais importante do que falar "bonito" de forma improvisada.


Se você tem dificuldade em encontrar argumentos que mostrem que você é ideal para essa oportunidade, considere uma dessas hipóteses:


  • Você pode já ter todas as ideias dentro de você, e só precisa organizá-las de uma forma que seja possível comunicá-las. Conte a sua história reforçando como você desenvolveu as competências que tem hoje. Pesquise as principais perguntas de entrevistas e treine - ou consulte um Mentor de Carreira para guiá-lo nesse processo de preparação;

  • Outra hipótese é que a vaga pode não ter o seu perfil. Isso não significa que você não seja um bom profissional, apenas mostra que para aquela vaga, nesse momento, você ainda não possui as competências necessárias. Avalie se ela está alinhada aos seus objetivos de carreira e, se a resposta for não, busque outra oportunidade. Se a resposta for sim, esta é uma boa oportunidade de pensar em um Plano de Carreira para te ajudar a chegar lá no futuro.


Durante a entrevista, tanto com o profissional de RH quanto com o líder da área, lembre-se de que o objetivo não é julgar o candidato: é conhecê-lo. A entrevista bem-sucedida é aquela em que o candidato consegue mostrar quem é, em aspectos técnicos e comportamentais, pois só assim é possível avaliar com clareza o quanto ele está próximo do que o cargo demanda. O mesmo vale para as dinâmicas de grupo, que têm uma configuração mais prática, mas também buscam dar uma "amostra" de como aquele profissional atuaria caso fosse contratado.


POR FIM, O AGUARDADO FEEDBACK


Na posição de candidata, me sentia muito desmotivada por não receber um retorno da maioria das vagas às quais eu me candidatava. Isso dificultou muito o meu desenvolvimento, pois não sabia o que havia acertado e o que poderia melhorar. Ao atuar como Recrutadora com a minha primeira vaga, minha intenção era fazer diferente - iria dar retorno a todas as pessoas que dedicaram um tempo a se candidatarem para aquela oportunidade.


Na prática, o volume de trabalho nem sempre me permitia dar um retorno individual (imagine como seria retornar para 500 pessoas enquanto outros 500 currículos de uma nova vaga aguardavam para serem analisados). Além disso, um feedback adequado e construtivo me parecia impossível diante de alguns candidatos que eram muito bons, e o único motivo pelos quais não foram selecionados era a existência de apenas uma vaga aberta.


Nos processos em que fui responsável, a etapa "Feedback" estava listada como uma ação do processo seletivo, tanto quanto "Análise de Currículos" e "Entrevistas": ainda que fosse uma mensagem automática, os candidatos não-selecionados teriam um posicionamento sobre as suas expectativas.


Aos meus alunos e mentorados minha orientação é muito clara: caso não tenha recebido um feedback, pergunte. Pode ser que o profissional responsável por essa ação tenha se esquecido, ou houve alguma falha no envio, ou até a etapa de dar feedback não faça parte do processo natural daquela empresa (infelizmente). Se essa vaga é importante pra você, não tenha medo de falar com o Recrutador: aproveite o contato para reforçar que você tem interesse na oportunidade e que gostaria de saber se o processo continua em andamento.


Caso ainda assim não tenha retorno, siga em frente. Você teve seus motivos para ter tomado determinadas decisões de carreira e sempre há uma nova oportunidade de contar, de forma estratégica, a sua resposta para a pergunta "o que você quer ser agora que cresceu?" :)


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Artigo publicado originalmente aqui.

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