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  • Foto do escritorValeska Petek

Trabalho a Distância: por que essa dinâmica é um caminho sem volta


Não é de hoje que existe o debate sobre as diferenças de produtividade entre um funcionário que trabalha presencialmente e um que atua de forma remota. Sabe aquele estereótipo de alguém trabalhando em um laptop com os pés na areia da praia (bem no estilo de foto de banco de imagens da década passada)? Por menos realista que seja (pois a logística de se levar um computador à praia não é tão simples quanto parece), ela ainda alimenta o imaginário de muitas pessoas.


Ainda que haja uma compreensão (mais realista) de que o home office na maioria das vezes é simplesmente uma mesa adaptada na sala de estar, mantém-se o questionamento sobre os ganhos e perdas que o teletrabalho (regulamentado pela legislação trabalhista brasileira) traz com relação aos resultados esperados.


Gestores preocupam-se com o cumprimento de prazos, com o alinhamento de ações de um projeto, com a conexão entre os membros da equipe... o que é natural em qualquer formato de trabalho, presencial ou online. Portanto, eles não estão errados - parte do trabalho de um líder é mesmo buscar garantir que tudo flua bem.

Por outro lado, há diversos cargos cujas atividades podem ser realizadas a distância sem prejudicar essas expectativas. Onde está, então, a dificuldade de estruturar um formato de trabalho que traga segurança aos gestores e, ao mesmo tempo, autonomia para seus times?


Embora não haja uma resposta única para essa pergunta, proponho analisarmos o que torna essa movimentação um processo irreversível para grande parte das profissões.


PRECISAMOS "VER COM AS MÃOS"?

Como alguém nascida em um período em que o mundo ainda era mais analógico (ou seja, as ferramentas digitais - e a própria internet - ainda estavam em desenvolvimento), me habituei às experiências físicas: desde escrever em cadernos feitos de papel até comprar roupas só depois de prová-las no corpo. Isso significa que, mesmo que tenha crescido junto com essas tecnologias, precisei aprender a lidar com elas, entendendo que as minhas anotações seriam salvas em uma nuvem e que uma fita métrica era a minha nova forma de checar se uma peça de roupa me cairia bem.


Essa digitalização de processos já vinha acontecendo há algumas décadas, e em um contexto como o da pandemia de COVID-19, em que o contato físico tornou-se temporariamente um risco à saúde, ela foi acelerada. Após diversas organizações terem adaptado o seu modelo de negócios e a sua dinâmica de trabalho para um formato digital, falou-se muito sobre o novo normal (como neste relatório da McKinsey): ou seja, sobre como algumas mudanças vieram para ficar.


Cada indivíduo, dependendo da sua geração e história de vida, pode ter um nível diferente de dificuldade com essas adaptações. Dessa forma, há profissionais que, mesmo podendo atuar remotamente, ainda se sentem mais confortáveis trabalhando presencialmente - bem como gestores que preferem "ver com as mãos", e sentir a presença dos membros de sua equipe como forma de perceber o seu comprometimento. Entretanto, quantos talentos as empresas perdem por não serem flexíveis sobre a localidade geográfica de trabalho para cargos em que isso é possível? Essa tendência - de perda de talentos - já é realidade há algum tempo (veja aqui e aqui).


Além disso, a inovação, fundamental para a sobrevivência de qualquer organização, não vale só para produtos ou para o atendimento ao cliente. É preciso abraçar o novo também nas relações de trabalho.

Forçar um trabalho presencial desnecessário é como dizer que mensagens via e-mail não são aceitas, pois aceita-se apenas o recebimento de cartas ou fax. Se as políticas internas estão ultrapassadas, então elas é que precisam ser atualizadas.

O TRABALHO RENDE, MESMO A DISTÂNCIA?

Antes de responder a essa pergunta, sugiro pensarmos no conceito de "render": quais são os critérios para avaliar o desempenho de um profissional considerando o ambiente online? Aqui vão alguns exemplos:


1) CUMPRIMENTO DE PRAZOS COM QUALIDADE

Imagine aquele colega de trabalho que parece sempre ocupado: anda com pressa, pula de reunião para reunião, faz horas extras... esse cenário pode indicar uma alta produtividade, mas não necessariamente. Afinal, nossa performance não deve ser medida pelo quão ocupados parecemos estar, e sim pelas nossas entregas - com a qualidade e no prazo desejados.


Agora imagine a sala de um escritório, com diversas estações de trabalho disponíveis. Considerando cargos em que as atividades sejam majoritariamente realizadas em um computador, é possível que esse ambiente seja silencioso, com cada profissional concentrado em suas atividades, e eventualmente interagindo com colegas, parceiros e clientes, de qualquer localidade, através de videochamadas.


Fazer o mesmo de uma escrivaninha localizada na sua própria residência, por exemplo, promove o acesso às mesmas ferramentas e pessoas. E trocar o "passe na minha mesa mais tarde" por "vamos fazer uma call mais tarde" não é uma mudança tão impactante em termos de produtividade (inclusive, as interrupções podem até diminuir).


Claro que há aspectos específicos da dinâmica de quem atua em home office que podem dificultar a concentração, como demandas de filhos ou outros familiares, interferências relacionadas à ruídos na vizinhança, entre outros. Ao mesmo tempo, há ganhos como o tempo de transporte que se transforma em tempo de descanso ou lazer: um profissional que passa uma hora em trânsito provavelmente se sente menos produtivo do que o funcionário que usa essa mesma uma hora caminhando em um parque. Cada realidade é única, por isso, em todos os casos vale entendê-la, em vez de automaticamente supor que o trabalho remoto nos impossibilite de sermos profissionais comprometidos com qualidade e prazos.


2) ALINHAMENTO DE AÇÕES

No artigo Online ou disponível? E por que essa diferença importa no trabalho remoto abordo esse tema. Destaco o seguinte trecho, sobre o alinhamento com colegas em equipes remotas:


"Respeitar limites de disponibilidade dos colegas não significa que os processos da empresa serão mais lentos. Há ferramentas de acompanhamento de projetos (como Trello, Planner, ClickUp e Monday) que permitem atualização constante e acesso assíncrono (em que os envolvidos podem consultá-la mesmo não estando todos online ao mesmo tempo). Cabe a cada organização e equipe buscar sua forma preferida para fazer a gestão dessas informações. Com 'combinados' bem definidos, além de ganhar em produtividade, é possível promover um ambiente mais leve, com relacionamentos com menos cobrança e mais colaboração".


Não existe uma receita única que valha para todas as organizações, mas vale avaliar o melhor caminho - em vez de automaticamente supor que o trabalho a distância impossibilitaria um bom acompanhamento das ações de um projeto.


3) CONEXÃO ENTRE MEMBROS DA EQUIPE

O trabalho remoto pode gerar conexões reais entre as pessoas (trago exemplos próprios aqui, aqui e aqui). Entretanto, é natural que isso não aconteça com todas elas - da mesma forma que o presencial também não nos propicia isso - ou você é próximo, de verdade, de todas as pessoas do escritório? 😅


Aqui, na ausência dos momentos informais (como um encontro nos corredores ou um cafézinho), adaptações são necessárias - e o que não pode faltar é a intencionalidade. Afinal, já que esses encontros não acontecerão de forma espontânea, é necessário ter a iniciativa de agendá-los. Por exemplo: dependendo da cultura da organização, poderia haver um happy hour semanal, sem obrigatoriedade de participação e com um tom informal. É o mesmo que reunir-se em um restaurante ou bar? Não. Mas é uma adaptação que viabiliza momentos de troca entre profissionais localizados em cidades, estados ou até países diferentes.


Quando se trata de criar conexão entre as pessoas, o canal (presencial ou online) influencia, mas não é um fator determinante. Vale mais pensar em formatos que tornem essas trocas de experiências possíveis, do que supor que automaticamente equipes remotas não possam desenvolver bons relacionamentos.


▶ É hora de parar de olhar pro canal (online ou presencial), e olhar para as pessoas e suas entregas. Isso vale tanto para quem marca presença no escritório quanto para quem se conecta diretamente da sua sala de estar! :)


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Artigo publicado originalmente aqui.

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