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Foto do escritorValeska Petek

Frustração no trabalho: como lidar enquanto aquela mudança não vem


Você se lembra de qual era a sua sensação ao começar no emprego atual? Pode ser que você tenha aceitado a proposta por causa do salário, pela boa fama da empresa, pela promessa de promoção rápida ou até porque você simplesmente queria sair do emprego anterior. Ou então você realmente se animou com o cargo e as atividades, pois elas tinham tudo a ver com o que você buscava para a sua carreira naquele momento.


Depois de algum tempo (que pode ser alguns meses ou anos), há algo ali que não te traz mais aquela satisfação. Pode ser que a posição não fosse exatamente como te contaram durante o processo seletivo (o que causa uma surpresa desagradável), ou que a empresa tenha passado por mudanças (e o novo contexto não está alinhado com o que você busca para o futuro). Pode ser também que você tenha mudado, e o que te fazia feliz antes não é o mesmo que te faz feliz hoje.


Independentemente da causa, a frustração nada mais é do que uma expectativa que não foi atendida. Entender que nos sentimos assim é o primeiro passo rumo à solução do problema, e a partir daí é possível planejar alternativas, enquanto "seguramos as pontas" no contexto atual.

Eu mesma já tive uma experiência profissional em que eu não era feliz. Me lembro do quanto era difícil pensar em um futuro melhor enquanto, todos os dias, por horas e horas, eu estava em um contexto que me desmotivava. Na época, isso afetava muito a minha saúde mental, o que tornava o processo de transição de carreira muito mais difícil. Por isso, convidei a psicanalista Paloma Carvalhar para nos ajudar a pensar em como podemos lidar melhor com o presente, enquanto buscamos mudar a nossa realidade.


"MAS, VALESKA, ESTOU TÃO FRUSTRADO QUE NÃO SEI NEM POR ONDE COMEÇAR!"


Diante de um contexto de frustração no trabalho, é fundamental agirmos buscando clareza, para termos mais segurança do que nos faz felizes, e evitar "trocar seis por meia dúzia" - como é o caso, por exemplo, de profissionais que trocam de empresa mas continuam insatisfeitos com as suas atividades. Tendo essa clareza do que buscamos, partimos para um planejamento de carreira, com um passo a passo do que precisamos fazer para chegarmos ao nosso objetivo - e esses dois artigos podem te ajudar a se inspirar nesse sentido: 3 passos para descobrir qual é a sua "vaga dos sonhos" (e como alcançá-la) e Infância e carreira: como nossa história nos dá pistas do que nos faz felizes.


Entretanto, por melhor que seja o nosso planejamento, essas mudanças não acontecem de uma hora para a outra. Pode ser que seja necessário realizar determinado curso para se qualificar para uma nova área, ter algum tipo de experiência específica, desenvolver uma nova soft skill, ou até mesmo tomar ações voltadas ao networking. Há também a dinâmica de mercado que pode influenciar, por exemplo, a abertura de vagas na área desejada. Ou seja, enquanto trabalhamos para que as mudanças do futuro aconteçam, é importante também lidarmos com a frustração do presente - o que, além de nos fazer menos infelizes, nos ajudará a manter o foco durante esse período de transição.


VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO NESSA FASE


Nunca se falou tanto sobre saúde mental, inclusive no ambiente de trabalho. Desde junho de 2021, o Departamento de Saúde Mental e Uso de Substâncias da Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que os cuidados com a saúde mental não devem ficar restritos aos hospitais psiquiátricos ou ao uso de remédios e substâncias químicas, devendo considerar para o tratamento outros aspectos da vida de cada pessoa, como por exemplo sua vida cotidiana (o que inclui o trabalho).


Além disso, atualmente há mais visibilidade para doenças que já existiam mas ainda não eram formalmente relacionadas ao ambiente profissional - como a Síndome de Burnout, que é desencadeada por um nível muito alto de estresse no trabalho, causando esgotamento mental e até físico. Em janeiro de 2022 ela passou a ser reconhecida como uma doença ocupacional pela OMS, o que traz uma perspectiva "oficial" sobre a importância de um ambiente de trabalho que seja (sim!) desafiador, mas em níveis saudáveis - haja vista a quantidade de pessoas que enfrentam essa ou outras doenças.


ENQUANTO A LUZ NO FIM DO TÚNEL NÃO CHEGA, USE UMA LANTERNA PRA TORNAR ESSA CAMINHADA MAIS FÁCIL


Todos nós, enquanto seres humanos, somos formados por um todo, que inclui todas as áreas da nossa vida, e não apenas uma ou outra como o trabalho. Por isso uma das sugestões da psicanalista Paloma é "recompensar" outras áreas da vida enquanto a transição de carreira ou de empresa não acontece. Assim, é possível encontrar prazer e felicidade de outras formas, por exemplo desenvolvendo novos hobbies e formas de descanso que nos ajudem a recarregar as energias.


Outro exercício que nos ajuda a lidar com essa fase de uma forma melhor, é fazer a chamada Roda da Vida, que nos ajuda a visualizar nossa vida considerando diversas áreas, e entendendo qual é o peso ou espaço que o trabalho tem ocupado. Esse exercício nos ajuda no processo de autoconhecimento, pode ser feito online ou em uma folha de papel, e funciona da seguinte forma:


  • Desenhe um círculo separado em seis ou oito categorias importantes na sua vida, que podem ser, por exemplo: Família, Carreira, Finanças, Saúde, Espiritualidade, Educação, Amigos e Amor;

  • Reflita sobre como anda cada uma dessas áreas (vale até dar uma nota de 0 a 10, se você preferir);

  • Visualize onde você está colocando energia suficiente (categorias que têm uma boa avaliação e que não demandam mais nenhuma ação extra) e onde está faltando (aquelas que têm uma avaliação mais baixa e que merecem a sua atenção). Será que essa frustração é realmente apenas sobre o trabalho ou é um reflexo de outras questões internas?



O autoconhecimento é fundamental nesses momentos de insatisfação, para compreendermos os nossos gatilhos, as nossas dores e também identificar o que nos faz felizes. Diante de uma frustração (quando existe um incômodo), nasce também um espaço a ser ocupado por coisas novas, e saber identificar os motivos dessas dores certamente nos ajuda a transformar essa fase em oportunidades. Na nossa carreira, independentemente se a frustração levará a mudanças no trabalho atual (negociando novas atividades com o líder, por exemplo), a uma troca de empresa, ou até a uma transição para outra área de atuação, esse processo levará algum tempo - o que não significa que precisa ser doloroso.


Podemos dividir nossa atenção em dois âmbitos: o presente (buscando formas de, pelo menos por enquanto, lidar com o contexto que nos gera infelicidade) e o futuro (buscando alternativas para mudá-lo). Caso deseje não passar por isso sozinho, você pode contar ajuda de um Psicanalista (para te ajudar a lidar melhor com as suas emoções do presente, bem como entender o que faria sentido pra você no futuro) e de um Mentor de Carreira (para te ajudar a entender o seu contexto profissional atual, bem como planejar ações que te deixem perto da vaga dos sonhos).


Por mais frustrante que o contexto atual possa parecer, sempre há uma saída. Mesmo que ela não seja tão claramente visível agora, colocar a cabeça (e as emoções) no lugar nos ajuda muito a enxergar a luz no fim do túnel - e também a começar nossa caminhada rumo a ela! :)


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Artigo publicado originalmente aqui.

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