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Foto do escritorValeska Petek

A demissão que me faltava: o que mudou em mim após passar por ela


"Com essa instabilidade, não estamos contratando novas pessoas. Isso significa que, infelizmente, não há uma grande demanda de trabalho para você nesse momento. Inclusive, estamos demitindo um grupo de pessoas hoje, e você está entre eles". Provavelmente essas não foram as palavras exatas que ouvi do meu gestor quando fui demitida do meu cargo de Analista de RH, pois naquele momento eu fiquei tão perdida que a última coisa que eu faria seria memorizá-las.


Eu nunca tinha passado por uma demissão: minhas saídas das empresas anteriores sempre eram resultado de uma iniciativa minha, na busca por novas oportunidades. Quando vivi essa experiência, no segundo semestre de 2020, a pandemia de COVID-19 era algo relativamente recente, não havia vacina e muito poucas previsões sobre como o mundo se desenrolaria em termos de saúde pública, contexto econômico, entre outros.


Essa não é uma história motivacional. Quando fui pega de surpresa ao saber que meu cargo, minha rotina com meus colegas e meu salário deixariam de fazer parte da minha vida, a minha primeira reação foi só ficar triste mesmo.

Comecei literalmente a chorar na frente do meu gestor e da minha líder, que estavam na sala comigo naquele momento. Fui acolhida, me ofereceram água e o tempo que eu precisasse até que eu me sentisse pronta para sair. Na hora eu pensei "eu nunca vou me sentir pronta pra sair, nem da sala nem da empresa", mas, claro, agradeci e depois de me recompor, me despedi de alguns colegas e fui pra casa.


Os meses que seguiram foram fundamentais para definir os próximos rumos da minha vida, e espero que essa leitura te inspire - não a romantizar uma demissão, mas sim a entender quem podemos nos tornar depois dela.



Foto do dia da minha rescisão (clicando nela, há o post onde conto mais sobre ele).


FOGUETE NÃO TEM RÉ, MAS NÃO SOU UM FOGUETE


Apesar de eu ser uma pessoa que ama estar em movimento (com estudos, trabalho, projetos pessoais, às vezes tudo ao mesmo tempo), reconheci que daquela vez não ia dar. Eu não tinha um plano em caso de demissão - o máximo era uma reserva financeira para emergências, mas eu não sabia nem o que fazer primeiro:


  • Atualizaria meu LinkedIn, assim o mercado saberia que eu estava disponível? Será que eu estava pronta pra contar a história várias vezes para todos que viesse falar comigo?

  • Enviaria meu currículo para os amigos que estavam oferecendo ajuda, me indicando para outras empresas? E se eu não quisesse mais trabalhar naquela área?

  • E se eu quisesse me mudar de cidade? Mas, no meio da pandemia, para onde eu poderia me mudar? E ia fazer o quê por lá?

  • E se eu só tivesse um fim de semana normal, assistindo séries no sofá? Será que eu não estaria sendo preguiçosa, afinal, havia acabado de me tornar desempregada e deveria estar buscando um novo emprego "pra ontem", certo?


Essas e outras dúvidas rondaram os meus pensamentos por um tempo. Me sentia culpada por não "levantar e sair correndo" rumo ao próximo desafio profissional. Comecei até a me incomodar com a palavra "desafio", afinal, ninguém falava dos desafios profissionais dos desempregados - porque eles pareciam invisíveis aos olhos do mercado, como se trabalhar em uma recolocação profissional não fosse um trabalho.


Lembrando que, meses antes da demissão eu havia passado por um divórcio: amigável, mas ainda assim um divórcio, que representa uma ruptura de expectativas e planos. Na sequência, veio a demissão, e então, além da vida amorosa, eu precisaria também reestruturar a minha carreira. Um baita combo, com duas áreas importantes da minha vida de ponta-cabeça.


Depois de algumas análises, entendi que gostaria de fazer algo diferente como profissão (ainda não sabia bem o quê) em alguma outra cidade (ainda não sabia onde). Enquanto não descobria mais detalhes, resolvi (ironicamente) seguir a mesma estratégia da empresa e fiz um downsizing na minha própria vida, visando a redução de custos: interrompi o meu contrato de aluguel, vendi a maior parte dos móveis e objetos que eu tinha, e me mudei para a casa da minha mãe - temporariamente, enquanto pensava nos meus próximos passos.


RECALCULANDO A ROTA


Meu status era: divorciada, desempregada, me ajustando a uma nova rotina (voltar pra casa dos pais após sermos adultos tem um extra de adaptação, por mais incríveis que eles sejam), e tentando "recalcular a rota" sobre o que eu queria da vida (não apenas na profissional). A palavra "perdida" é um adjetivo muito básico para descrever como eu me sentia, mas vamos com ela mesmo.


Sabe aquela frase famosa, geralmente atribuída a Albert Einstein, que diz que "Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes"? Percebi que, com as informações que eu já tinha, eu só chegaria a planos parecidos com os que eu já tinha realizado na minha vida até aquele momento - precisava ampliar a minha visão, então busquei referências diferentes:


  • Lia muitos livros, principalmente sobre autodesenvolvimento e negócios;

  • Revisitei conteúdos da época da faculdade e da pós-graduação, bem como de outros estudos mais antigos: será que haveria algo ali que eu veria de uma forma diferente?;

  • Fiz diversos cursos: sobre autoconhecimento, metodologias da minha área que eu tinha curiosidade em conhecer, e alguns puramente para me distrair (cheguei a fazer um mês de aulas de canto);

  • Conversei com pessoas de contextos variados: desde quem já havia trabalhado comigo e poderia ser um tipo de Mentor, até quem eu nunca esperaria conversar sobre carreira: tive insights, por exemplo, em uma consulta com a dentista que me atendeu durante a adolescência (pois meus ouvidos estavam buscando inspiração em todos os momentos);

  • Descansei, colocando meu sono em dia e dando espaço para que minha cabeça pudesse ligar os pontos que todas aquelas informações vinham me trazendo;

  • Retomei minhas sessões de terapia e conversava mais ativamente com amigos que poderiam me ajudar a transformar minhas inspirações em ações concretas.


Vale reforçar que é normal que um processo como esse tenha suas etapas e, naturalmente, leve algum tempo. Afinal, por um lado, eu estava absorvendo todas as mudanças recentes e por outro lado eu estava tentando pensar no que fazer dali pra frente com tudo aquilo.


HOBBY É DIFERENTE DE TRABALHO


Após 3 meses lidando com esse processo (e outros imprevistos que foram surgindo - porque a vida não parou de acontecer só porque eu estava reflexiva), entendi o que fazia sentido pra mim. Considerei o que eu amo fazer, o que eu faço bem e o estilo de vida que eu gostaria de ter como resultado do meu trabalho. Entretanto:


Descobrir o que eu gostaria de fazer é muito diferente de ser remunerada por isso. Eu precisava entender quem precisava do que eu tinha a oferecer - e que pagaria para ter acesso a isso.

O conhecimento que eu tinha sobre o mercado de trabalho (principalmente por ter atuado como Recrutadora) foi fundamental para que eu pudesse fazer uma leitura de cenário que me ajudasse a tomar melhores decisões. Dali em diante, analisei o que eu tinha de melhor para oferecer e o que o mercado precisava, e tracei um plano de ação para saber exatamente o que eu precisaria fazer para atingir meus objetivos.


No meu caso, não é segredo que segui pelo caminho do empreendedorismo (contei a novidade nesse post). Mas eu poderia ter também traçado uma estratégia para me tornar uma profissional atrativa para o mercado, considerando empresas X e cargos Y. O ponto é: eu não poderia ficar presa no campo das ideias: minhas inspirações precisavam se tornar algo concreto - ações.


Eu teria economizado muito tempo se tivesse alguém para me guiar nesse processo: no total, foram 4 meses entre a minha demissão e o lançamento da minha empresa. Por isso, a partir da minha própria experiência (e referências teóricas, claro!), estruturei um conteúdo que ajuda outras pessoas a chegarem a essas respostas mais rápido. Todos os meus cursos têm curta duração e foram validados por profissionais reais. Confira os relatos em valeskapetek.com/depoimentos e, se for o seu momento, me chame que te ajudo com o seu processo! :)


Quer saber mais sobre como realizar seus sonhos de carreira?


Marque aqui alguém que vai gostar desse artigo. Vou adorar ler seus comentários ou dúvidas!


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Artigo publicado originalmente aqui.

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