Me lembro do dia em que eu estava conversando com uma amiga sobre o meu planejamento para começar a minha empresa. Estava na fase de construção do meu site, e eu defendia que ele ainda não estava pronto, pois faltavam informações que eu considerava essenciais. Ela foi bem direta e me perguntou: "seu site não está pronto ou você só está com medo?". Como alguém que me conhece bem, acertou em cheio.
O site poderia, sim, ser melhorado (até hoje adiciono novas seções e conteúdos), mas ele estava suficientemente bom para que eu pudesse apresentar meu projeto. A verdade é que eu tinha receio das consequências que viriam após o lançamento: Será que minhas ideias eram mesmo boas? Como as pessoas reagiriam? E se a demanda fosse alta, será que eu daria conta?
É comum encontrarmos justificativas para evitarmos o que nos causa desconforto. Se há o medo de falhar, por exemplo, acabamos esperando as condições perfeitas para agir - e elas não existem.
Mesmo quando estamos diante de uma situação que nos traga frustração (como um trabalho que não combina com nossos objetivos), o medo pode vencer e, em vez de agirmos rumo a uma mudança de carreira, nos sentimos paralisados. É nesse momento que muitos profissionais se sentem estagnados, com a sensação de que "não estou feliz, mas não sei por onde começar". Para romper com essa dinâmica, é fundamental substituirmos o medo por outros elementos.
COMO SABER SE ESTOU PRONTO?
Assim como as condições perfeitas não existem, a sensação de estarmos 100% prontos também não. Sempre podemos aprender mais, praticar mais e... procrastinar mais o início de algumas mudanças. Mesmo assim, há alguns itens que podemos considerar como ponto de partir para que possamos nos sentir mais confortáveis antes de tomar qualquer ação.
Vamos imaginar um profissional que esteja insatisfeito em seu trabalho atual e, após definir qual seria a sua vaga dos sonhos, decide buscar oportunidades em outras empresas, em um cargo hierarquicamente superior (como um Analista Pleno que busca uma vaga de Analista Sênior). Podemos analisar critérios como:
Conhecimentos: Tenho o conhecimento necessário para atuar na posição desejada?
Experiências: A minha experiência atual é adequada para o nível de expertise que esse cargo demanda?
Habilidades: Quais são as soft skills importantes para esse cargo e qual o meu nível de habilidade nelas?
A partir daí, podemos comparar o que a posição tem como requisitos e o que o profissional já tem condições de atender. É possível também entender, por exemplo, se há algum tipo de formação (como um curso) que ajudaria esse profissional a complementar o que já sabe sobre a área - o que seria um diferencial ao se preparar para concorrer à vaga. Entretanto, vale reforçar que diferencial não é o mesmo que requisito. É importante avaliar o que cada vaga pede e ter a criticidade para entender o que é requisito (ou seja, é indispensável) e o que é um diferencial (o que é desejável, que se o candidato apresentar será um "algo a mais").
"MAS, VALESKA, E SE EU ATENDO SÓ PARTE DOS REQUISITOS?"
Há pesquisas que sugerem que atender a apenas 50% dos requisitos de uma vaga pode ser o suficiente para ser convidado para uma entrevista. Claro que isso irá depender de alguns critérios, como:
O tipo de vaga: se for algo mais técnico pode ser inegociável ter uma certificação, por exemplo, enquanto em algumas outras áreas há mais flexibilidade;
Como o anúncio foi elaborado: se os responsáveis pela vaga foram criteriosos ao elaborar a descrição, ou se o texto é mais genérico (requisitos como "boa capacidade de comunicação" dão margem para diferentes interpretações, por exemplo);
A concorrência: ou seja, a qualificação de outros candidatos interessados na mesma vaga, que pode tornar mais fácil ou mais difícil ter um diferencial (por exemplo, um candidato com inglês fluente chamará a atenção mais facilmente se outros candidatos não tiverem essa mesma proficiência);
... entre outros!
Assim, o conceito de estar "preparado" é relativo. É importante avaliar de forma concreta se falta algum tipo de conhecimento, experiência ou habilidade, mas também entender que o dia em que teremos a sensação de estarmos totalmente prontos pode nunca chegar - e isso não deve nos paralisar e nos impedir de aproveitar oportunidades.
Analisar o nosso ponto de partida, comparando com onde queremos chegar (a vaga desejada) é o primeiro passo para reduzir o medo - afinal, focamos em fatos, e não em sentimentos apenas. Como Mentora de Carreira, ao orientar profissionais de diversas áreas, costumo ir além: após fazermos essas análises, passamos para a fase de planejamento. É aqui que elaboramos um plano de ação para sabermos exatamente o que precisa ser feito para chegar até a vaga desejada.
Entender que o contexto atual nos traz insatisfação é o primeiro incentivo rumo à mudança. Entretanto, só reclamar não gera movimento: é fundamental entender o quê, então, nos traria satisfação - e agir rumo a esse objetivo. Seja sozinho com com a minha ajuda, lembre-se de substituir o medo pelo planejamento: isso te trará mais confiança e aumentará as suas chances de chegar lá! :)
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Artigo publicado originalmente aqui.
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